O Outro Pé da Sereia – Mia Couto

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    Editions:PDF (Portuguese)

    Este novo romance do moçambicano Mia Couto faz um retrato poético, alegórico e também crítico da Moçambique contemporânea. A imagem de uma santa católica que encanta e perturba todos os que dela se aproximam é o centro de uma trama dividida em dois momentos históricos, ligados por questões étnicas, religiosas e de destino familiar.

    Num deles, o jesuíta Gonçalo da Silveira parte de Goa, na Índia, em 1560, com a missão de converter ao cristianismo o imperador do Reino do Ouro, ou Monomotapa, situado na região fronteiriça entre os atuais Zimbábue e Moçambique. Segue com ele uma imagem de Nossa Senhora, a que os escravos da nau portuguesa chamam de Kianda, uma divindade das águas, e os africanos tratam por Nzuzu, a rainha das águas doces. As relações de sincretismo religioso e choque cultural entre portugueses, indianos e africanos conduzem ao segundo momento histórico.

    Em 2002, dez anos depois dos acordos de paz entre governo e forças rebeldes, Moçambique é um país em recuperação. Um pastor e sua mulher, Mwadia Malunga, encontram a imagem de Nossa Senhora nas margens de um rio da pequena localidade de Antigamente. O curandeiro do lugar diz que eles conspurcaram o espírito do rio e correm grande perigo. Mwadia decide então voltar a Vila Longe, onde deixara a família, para abrigar a estátua.

    Mia Couto nasceu na Beira, Moçambique, em 1955. Foi jornalista e professor, e é, atualmente, biólogo e escritor. Está traduzido em diversas línguas. Entre outros prémios e distinções (de que se destaca a nomeação, por um júri criado para o efeito pela Feira Internacional do Livro do Zimbabwe, de Terra Sonâmbula como um dos doze melhores livros africanos do século xx), foi galardoado, pelo conjunto da sua já vasta obra, com o Prémio Vergílio Ferreira 1999 e com o Prémio União Latina de Literaturas Românicas 2007. Ainda em 2007 Mia foi distinguido com o Prémio Passo Fundo Zaffari & Bourbon de Literatura pelo seu romance O Outro Pé da Sereia. Jesusalém, o seu último romance, foi considerado um dos 20 livros de ficção mais importantes da «rentrée» literária francesa por um júri da estação radiofónica France Culture e da revista Télérama. Em 2011 venceu o Prémio Eduardo Lourenço, que se destina a premiar o forte contributo de Mia Couto para o desenvolvimento da língua portuguesa. Em 2013 foi galardoado com o Prémio Camões.

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